terça-feira, 9 de setembro de 2008

Meu penhoar será sua herança: a vida e outros penduricalhos de Zoroástrea Glamour - capítulo 6

José Manuel Sampaio, administrador agrícola e zé mané, olhou com inveja para a amiga Guinevere dos Santos, rainha adúltera e freira marcelina. Ela estava lhe mostrando sua nova tatuagem: um dragão púrpura com o rosto de Zoroástrea, sob o qual estava escrito Lembrança de Aparecida do Norte.

Alguém batia na porta. Aliás, massacrava a coitada, e eles correram. Não chegaram a tempo: encontraram-na já no chão, nocauteada. No espaço onde ela deveria estar, a figura majestosa de Zoroástrea.

Parecia-lhes uma visão celestial, mas os querubins sentados em seus ombros eram na verdade os enchimentos dos peitos, que haviam se deslocado durante a contenda.

José Manuel rapidamente convidou-a a entrar e perguntou se aceitava um chá, bolinhos, doce de mamão selvagem ou qualquer outra coisa selvagem, enquanto fazia cara de fuinha se afogando no cio e abria o manto para mostrar sua sunguinha enfiada (aquela fantasia realmente era o ápice do design utilitário-überfashion).

Zoroástrea olhou-o um pouco nauseada, ajeitou os peitos no sutiã do Bob Esponja que usava, e aceitou um bolinho. Pegou da bolsa um MP3 Player e colocou pra tocar a fala que tinha gravado com as acusações todas que fez a Óbvio e depois a Teodoro. Estava um pouco rouca e precisava se cuidar. Fotografá-la nua, roubar os dentes da fada, as figurinhas do Amar é..., o pote de balas da tia Samantha, tudo aquilo.

Guinevere sentou-se, o capuz ainda escondendo seu rosto, e pediu-lhe que sentasse também.

O plano finalmente tinha funcionado, tinham conseguido atraí-la até ali. Agora bastava garantir que ela nunca mais saísse.

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