Usando suas habilidades ninja-mutante-tartaruga-etc, Tiago rapidamente prendeu Morgana Bruna em sua própria teia de mentiras e aço inoxidável coberto com passas ao rum. Sem nem mudar de parágrafo, desarmou os bandidos todos e libertou seus amigos. Que, aliás, não eram seus amigos coisa nenhuma. Zoroástrea aplicou-lhe uma cabelada de loira de esquerda que o derrubou ao mesmo tempo em que o mantinha imobilizado.
- Mas Zorô, eu não entendo. Por que você fez isso? Eu sou praticamente seu pai, e você nunca fez a linha Édipo-power-retrô.
- Nada disso, seu vilipendioso monte de ego e músculos e beleza estonteante! Você sabe muito bem o que me fez: você roubou meu penhoar e, isso, eu não posso perdoar.
- Penhoar? Que penhoar, minha pequena Zoroástrea das montanhas escaldantes?
Ela se referia, é claro, ao penhoar do título. Desde a morte de sua mãe, Ronalda Raimunda, feia de cara e boa de bola, ela esperava a oportunidade de brilhar na túnica que tanto atormentou sua infância e que ainda povoava seus sonhos, como um ícone de tudo que nunca poderia ter. E ela sabia que sua herança havia sido negada por seu criador.
- Minha Zorozinha... Era só um título de efeito. Nunca existiu penhoar nenhum - suplicava Tiago, com o pouco fôlego que ainda lhe restava, já entorpecido pela nuvem de laquê que emanava das madeixas loiras.
Não. Ela sabia que o penhoar existia. Ela se lembrava de cada dobra daquela seda suave, dos movimentos do tecido enquanto sua mãe corria pelos campos de papoulas, nua sob as estampas do Frajola enfrentando o Fofão. E ela precisava tê-lo.
- Zorô... me perdoe... O penhoar... o penhoar está... - disse Tiago, e deu seu último suspiro.
Zoroástrea, sem hesitar um só momento, comeu o suspiro, que estava já um pouco murcho, e aproximou-se de seu criador, para ouvir com atenção suas derradeiras palavras.
3 comentários:
Isso está ficando ótimo.
Ah,ainda bem! Já ia escrever reinvidicando o próximo capítulo da série.
Não faz mais isso com seus leitores menino! Quer matar a gente de curiosidade? :-)
Gostei pacas! Cotia não.
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